Capítulo 1: “Quando o cinza se torna
azul”
–Andy, hora de se levantar! Todos os dias, a mãe de Andy, Sarah o acordava da mesma maneira. Ela tentava ser o mais carinhosa o possível para com o filho, desde que o exército tinha-o rejeitado. Andy sempre percebia o jeito da mãe, mas preferia ignorar a encarar a realidade; Ele se lembrava sempre daquele dia quando acordava, do dia em que, na última fase antes de ser pré-admitido no exército, no exame geral de saúde, na ala da oftalmologia, ele tinha descobrido que era daltônico. Aquela havia de ser a primeira vez em que Andy tinha perdido totalmente o controle de seus sentimentos, e as lágrimas caíam de seus olhos como cachoeiras no Peru. Mesmo com esse trágico fato, ele era forçado a ainda todos os dias, ir para o colegial, onde ele mesmo forçava a se excluir dos outros, com seus pensamentos tomando a maior parte do seu dia. Ele se levantou da cama, e foi até a cômoda, onde tinham sempre as mesmas coisas: um espelho grande, pentes, chaves, dinheiro, canetas, papéis amassados e o que mais doía quando ele via: sua ficha do exército com um grande carimbo de 'REJEITADO' em cima de sua foto e de suas qualificações. "Como a vida há de ser injusta até com um qualquer por aí como eu". Ele se olhava no espelho, e via como sua aparência estava acabada, mas melhor do que há uma semana atrás: Andy tinha cabelos castanhos-escuro curtos, olhos castanhos, e estava muito pálido e com aparência doente por causa dos dias que recusara-se a comer ou dormir, ou tinha ficado apenas chorando em um canto do seu quarto. Fora parecer um fantasma, ele tinha uma boa aparência, o que para a sua irritação, acabava por atrair as mais diversas meninas do colegial, que ele fazia questão de manter todas e todos bem longe dele.
Rapidamente, ele tomou um banho, trocou de roupa, pôs seu costumeiro casaco, pegou sua mochila e desceu para encontrar-se com sua família e sair. Saindo de seu quarto (bagunçado com revistas e roupas espalhadas pelo chão), Andy começou a se dirigir para a cozinha. Chegando lá, ele via sua mãe já de pronto com a mesa posta, sua irmã Sophie já tomando café como sempre atrasada, seu tio Derek com a cara angustiada e triste de sempre, mas que todo dia se foraçava a dar um sorriso para Andy. Seu tio tivera quase uma história mais triste que a de Andy, mas ele e a irmã não sabiam muito sobre o caso. Seu tio era gay, e pelo jeito, havia se envolvido com um filho de um homem da máfia, e acabou apanhando pelos comparças do pai, que descobriu o caso do filho com Derek. Depois disso tudo, Derek havia caído na depressão, e 2 meses atrás, ele tinha tentado se matar cortando seus pulsos, mas pela sorte, sua mãe havia chegado alguns minutos depois, chamado uma ambulância e bem... Nada se sabe depois disso, ou pelo menos, os pais não queriam que Andy e Sophie soubessem de mais nada. O pai de Andy quase nunca estava em casa por causa de seu trabalho como sócio-gerente em uma empresa de carros, então saía cedo, chegava tarde, mas quando via os filhos, tratava de mimar Sophie, e dar o mesmo tratamento que a mãe dava pra ele, como se Andy fosse um probre coitado que tinha saído das ruas.
–Bom dia Andy -disse Sophie tirando o jovem de seus pensamentos
–Oi Sow -ele falou vagamente
–Filho, coma algo antes de sair, se não vai acabar desmaiando no meio da rua
–Mãe eu sou daltônico, não desnutrido - ele disse, mas quando acabou a frase, foi como se um tenso silêncio caísse sobre a cozinha, onde uma mosca voando poderia ter o mesmo efeito de uma bomba
–Claro que não, mas se não comer, não vai conseguir nem mesmo se enxergar de trão branco- brinca Derek, como se para aliviar o clima do lugar.
–Não obrigada tio, eu vou comer no caminho pra escola mesmo, tchau para todos.
Como em unissono todos disseram 'tchau', e rapidamente ele atravessou a porta da casa. Já lá fora, ele olhava para o céu, sempre nublado, mas parecia que nesse dia faria um pouco de sol, então, Andy decidiu ir calmamente pra escola. Ele gostava de livros de ação e drama policial, como se aquilo ocupasse sua mente por um curto espaço de tempo. Então, pegou seu livro na mochila e começou a andar pela calçada.
A rua que eles moravam era ocupada por diversas casas diferentes com os mais belos jardins, como se os moradores fizessem algum tipo de competição pelo arbusto mais bem cuidado. Enquanto andava, Andy lia seu livro, que interessava mais a ele que uma bela rua com flores e arbustos.
O livro estava interessante, e a cada momento da história, ele queria saber mais.. "Então, entrei na sala, sabendo que mesmo desarmado, o homem poderia me matar com um simples covimento, mas nada eu poderia fazer, senão enfrentar meus medos e seguir com a minha missão, até que quando entrei no lugar uma forte luz se acendeu e.."
BUM!!!
Andy caíra no chão de uma maneira muito brusca, derrubando tudo, fazendo seu livro voar de sua mão, até que quando recuperou os sentidos, percebeu que havia batido de frente com alguém, que nesse momento, saída de cima de Andy, e rapidamente dizia:
–Desculpa, se machucou?
Ele não conseguiria responder agora, pois ele estava admirando a face desse rosto novo.